quinta-feira, 7 de maio de 2015

T. DE PASCOAES

Não digo que a escuridão seja um resíduo cromático
do poente. Coloco o nada no horizonte a órbita
da Lira. A noite é uma vala crematória
onde está sepulta e incolor a Antiguidade.

Parei no pórtico Aristóteles poisara as aves
numa uva. Eu bendisse o estilo e dissuadi
o crente imaginário que respondera ao eco.
Comparo os símbolos dos poetas do Orfeu
                           como os da alquimia.

Todos os que haviam descrito o inferno se exaltaram
Pascoaes não fora o último emissário
de que por detrás das colunas fictícias de uma noite
fica nítido o passado memorável para o futuro.

Anoto a noite com o mito de que o nocturno
é um idioma. Vi cada árvore dissolver as linhas
de incisão o cume engrandecer a curva
o Regresso às crostas do pó estrelas cristalinas.

[FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO (1939 - 2007)]
(Obra Breve)
(in Poemário Assírio & Alvim 2013)

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