Ícones escondidos
mostram-se ao relento.
Eles sabem que no cansaço da noite
não há naufrágio que não desvende o seu despojo.
(nem madrugadas que cheguem ao que se quer dos dias)
o que, por soberba, se criou).
Ícones são iguais:
morrem na praia.
Mas agora
remexidos
depois de bem imaginados os destroços
que ninguém os apedreje.
Na baixa-mar
ninguém os olhe de frente –
o seu olho arrancado e o outro tão transparente
pasto de novos predadores –
ninguém os apedreje
em rigor
nem nos olhos.
SÉRGIO GODINHO – o
Sangue Por Um Fio