NÃO PRA mim mas pra ti
teço as grinaldas
Que de hera e rosas eu
na fronte ponho.
Para mim tece as tuas
Que as minhas eu não vejo.
Um para o outro,
mancebo, realizemos
A beleza improfícua mas
bastante
De agradar um ao outro
Plo prazer dado aos olhos.
O resto é Fado que nos
vai contando
Pelo bater do sangue em
nossas frontes
A vida até que chegue
A hora do barqueiro.
30 - 7 - 1914
RICARDO REIS
(FERNANDO PESSOA) (1888 – 1935) – Poesia
(edição de
Manuela Parreira da Silva)