domingo, 19 de abril de 2015

O PERFUME PRECIOSO (Lc 7,36-50)

Havia um vaso de perfume
em barro branco
e a mulher que se colocou de gatas
radiante por poder exibir a farta cabeleira
Mas ao quebrá-lo daquele modo aos pés do hóspede
misturou o nardo imprevistamente
com o cheiro de uma mulher que chora

O anfitrião especado observava, sem pronunciar um som
o mestre, porém, olhou-a com os seus olhos de cão meigo
a vagabundagem e a pobreza
eram direitos de quem entrou e saiu das trevas
para fazer da infelicidade um uso

Recordarei sempre aquele momento
perfeito fio de prumo
que indica o centro da terra

[JOSÉ TOLENTINO DE MENDONÇA (1965)]
(Estação Central)
(in Poemário Assírio & Alvim 2014)

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