Insónia rôxa. A luz a
virgular-se em mêdo,
Luz morta de luar, mais
Alma do que a lua…
Ela dança, ela range. A
carne, álcool de nua,
Alastra-se pra mim num
espasmo de segredo…
Tudo é capricho ao seu redor,
em sombras fátuas…
O arôma endoideceu,
upou-se em côr, quebrou…
Tenho frio…
Alabastro!... A minh’Alma parou…
E o seu corpo resvala a projectar
estátuas…
Ela chama-me em Íris. Nimba-se
a perder-me,
Golfa-me os seios nus,
ecôa-me em quebranto…
Timbres, elmos, punhais…
A doida quer morrer-me;
Mordoura-se a chorar – há
sexos no seu pranto…
Ergo-me em som, oscilo,
e parto, e vou arder-me
Na bôca imperial que humanizou
um Santo…
Lisboa 1913 – Novembro 3
[MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO]
(in “Orpheu” - 1º
número)
Sem comentários:
Enviar um comentário