sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

[CLAROS OLHOS AZUIS, OLHOS FERMOSOS,]

Claros olhos azuis, olhos fermosos,
Que o lume destes meus escurecestes;
Olhos que o mesmo amor de amor vencestes
Cos vivos raios sempre vitoriosos;

Olhos serenos, olhos venturosos,
Que ser luz de tal gesto merecestes,
Ditosos em render quanto rendestes,
E em nunca ser rendidos mais ditosos;

Que mour'eu por vos ver, e que vos traga
Nas meninas dos meus perpetuamente
Cousa é que justamente amor ordena.

Mas, que de vós não tenha mais que a pena
Com que amor tanta fé tão mal me paga,
Nem o diz a razão, nem o consente.

[LUÍS VAZ DE CAMÕES (1524? - 1580)]
(in "Do Infinito Mar Do Meu Desejo")

Sem comentários:

Enviar um comentário