Quem ama o tempo como eu nesta manha de ruídos
que se afastam de mim e me fazem sentir
vazio no meio do mar?
Quem devora este ar tão benfazejo à boca
e ao replicar das ondas
nos ouvidos como sinos de água?
Um tempo que se curva,
como o início nos joelhos dobrados na infância,
na mãe obsessiva,
e vem,
como de onda em onda,
transportando as dores, até este rochedo
que me suga os anos
e morde, devagar, a memória
da vida.
[ARMANDO SILVA CARVALHO (1938)]
(De Amore)
(in Poemário Assírio & Alvim 2013)
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