Aqueles para quem a vida é simples
E para quem a verdade é transparente,
Passam como eventual crispação
Que, no rosto do lago, faz o vento;
Aqueles para quem, no saber das coisas,
As coisas são o que as coisas parecem,
Esses serão os chefes e os reis.
Os outros todos atrás permanecem.
Porque a vida é para quem a aceita
E a esperança para quem a gozar.
A fé é mesmo o único preceito
Pois que a fé, sendo alegria, é p'ra alegrar.
O restante é o vento e a brisa
E o que não cansa no movimento
Dos rios, dos ribeiros e dos mares.
E eis dos tristes seu divertimento.
FERNANDO PESSOA - Poesia Inglesa (edição e tradução de Luísa Freire)
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