quarta-feira, 14 de março de 2012

O PORTO DAS PEDRAS RUBRAS

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Não relembro o mar mas só a escarpa
De onde emitiam os olhos
As figuras.
Parti por Agustina e levava sol
Como pedra no bolso
E o nevoeiro na boca como lodo cinzento.
Perdido no mar então ignoto da cidade, de pé
Um monumento, alto, rotundo,
Serviu-me de farol.

Em viagem de núpcias adolescentes
Não se vai por Calígula
Nem por nada.
Havia outros mantos de chuva; outros mosteiros
No Douro; outras crianças sujas como eu;
Outras marés industriais de vinho.

Existia outra embaixada.
Outro caminho.

ARMANDO SILVA CARVALHO (1938) – O que Foi Passado a Limpo

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