No quarto só, que lh’é fatal,
De tão fatídica mansão,
Onde a razão e a moral
Coabitam mais do qu’é razão,
Aguarda quiçá, a chegada
Em que, infeliz, não acredita,
De uma qualquer presença amada
E em tom velado isto medita:
<<A tua voz retine em mim,
O teu olhar arde em meu peito.
O Mundo diz que é ruim,
Mas que mais dá, ó meu eleito!
Dor e alegria ambas senti,
E do amor um certo arroubo,
Amor que chora, amor que ri,
Ó belo como um jovem lobo!
Vieste a mim, esquivo petiz,
E és tu tão loquaz e bonito,
Sagaz no corpo e no que diz,
Quem me violenta ao infinito
[…]
PAUL VERLAINE (1844 – 1896) – Hombres e
Algumas Mulheres (tradução de Luísa
Neto Jorge, apresentação de Aníbal
Fernandes)
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