Quando o melro de Pídio, o sapateiro,
fugiu da gaiola nós esperávamos
no pátio e cada sombra que passava
parecia ele. E no entanto não era.
Até que uma tarde, na sebe de canas,
qualquer coisa negra baloiçava
mirando-nos com uns olhitos que pareciam pontas de navalha.
Então afastámo-nos da janela
E fingimos deslocar nossas cadeiras.
TONINO GUERRA (1920) – O Mel
(apresentação e tradução de Mário Rui de Oliveira)
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