Veio uma figura com o séquito da vida
Que tinha as asas do
Amor e usava o seu pendão:
Bela era a trama, e aí
nobremente tecidas,
Oh, face sequestrada pela alma, a tua forma e cor!
Sons desconcertantes. Como os que acordam a Primavera,
Turbavam-lhe nas
dobras; e pelo meu coração o seu poder
Correu sem rastro como a hora imemorável
Em que range o portal escuro do nascimento e tudo é novo.
Mas uma mulher velada acudiu, e apanhou
A insígnia pela sua
haste, para desfraldar e seguir, -
Depois arrancou uma
pena da asa do portador,
E levou-a aos lábios que a não fizeram mexer,
E disse-me, <Vê,
não respiro:
Eu e este Amor somos
um, e eu sou a Morte.>
DANTE GABRIEL ROSSETTI (1828 – 1882)
in Os pré-Rafaelitas
– Antologia Poética
(prefácios e tradução de Helena Barbas)
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