segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O OFÍCIO


Recomeço.
Não tenho outro ofício.

Entre o pólen subtil
e o bolor de palha,
recomeço.

Com a noite de perfil
a medir-me cada passo,

recomeço,
pedra sobre pedra,
a juntar palavras;

quero eu dizer:
ranho baba merda.
EUGÉNIO DE ANDRADE (1923 – 2005)
in A perspectiva da Morte 20 (-2) Poetas Portugueses do Século XX
(selecção e prefácio de Manuel de Freitas)

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