ENQUANTO eu vir o sol doirar as folhas
E sentir toda a brisa nos cabelos
Não quererei mais nada.
Que me pode o Destino conceder
Melhor que o lapso gradual da vida
Entre ignorâncias destas?
Pomos a dúvida onde há rosas. Damos
Metade do sentido ao entendimento
E ignoramos, pensantes.
Estranha a nós a natureza externa
Campos espalha, flores ergue, frutos
Redonda, e a morte chega.
Terei razão, se a alguém razão é dada,
Quando me a morte conturbar a mente
E já não veja mais
Que à razão de saber porque vivemos
Nós nem a achamos nem achar se deve,
Impropícia e profunda.
Sábio deveras o que não procura,
Que encontra o abismo em todas coisas
E a dúvida em si-mesmo.
E sentir toda a brisa nos cabelos
Não quererei mais nada.
Que me pode o Destino conceder
Melhor que o lapso gradual da vida
Entre ignorâncias destas?
Pomos a dúvida onde há rosas. Damos
Metade do sentido ao entendimento
E ignoramos, pensantes.
Estranha a nós a natureza externa
Campos espalha, flores ergue, frutos
Redonda, e a morte chega.
Terei razão, se a alguém razão é dada,
Quando me a morte conturbar a mente
E já não veja mais
Que à razão de saber porque vivemos
Nós nem a achamos nem achar se deve,
Impropícia e profunda.
Sábio deveras o que não procura,
Que encontra o abismo em todas coisas
E a dúvida em si-mesmo.
RICARDO REIS (FERNANDO PESSOA) (1888 - 1935) (edição de Manuela Parreira da Silva)
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