nascimento, a da ressurreição dos
mortos.
(Talmude)
Três chaves.
Ter voltado, pelo menos, três vezes.
Em Atenas, ouvinte
de Sócrates. Ao longo das estradas
deixando epitáfios sobre a pedra
dos túmulos. Viver, ficar
de memória em memória.
E num relance
ter reencontrado os olhos de Ulisses.
Em Florença, contemplando
Botticelli, Leonardo, Miguel Ângelo.
Querer-lhes tanto
como à própria vida.
Pertencer àquelas casas,
ao chão. Ser água desse rio,
que me lavasse.
Em Lisboa, cartógrafo.
Desenhar o outro lado do mundo.
Amar como suas
as novas constelações.
E, pelo menos, ter ouvido
- dito por ele – um fulgurante,
atormentado soneto de Camões.
ANTÓNIO OSÓRIO (1933) – Casa das Sementes
– Poesia Escolhida
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