A
ilha era deserta e o mar com medo
de
tanta solidão já te sonhava:
ia
em vento chamar-te para longe
e
longamente em espuma te esperava.
À
cinza dos rochedos atirava
na
grande madrugada adormecida,
já
saudosos de ti, os braços de água,
sem
ter acontecido a tua vida.
Sim,
meu amor, antes de Zarco vir
provar
o sumo e o travo à solidão,
no
litoral de pedra pressentida
o
mar imaginava esta canção.
E
as lúcidas gaivotas desse tempo
talhavam
como um voo o teu amor:
o
início de lava e sal que deixa
(talvez)
neste poema algum esplendor.
CARLOS DE OLIVEIRA (1921 – 1981) Trabalho Poético
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