sábado, 25 de fevereiro de 2012

VÁRIA LITERATURA

Dia de festa, existir simplesmente
ter confiança em tudo, ó mundo minha mãe,
lareira prometida nunca alumiada
e tantos gestos empilhados  e tijolos
E sobre tudo o resto o vão bocejo e não valer a pena

Ser erva entre o milho e verde vítima do vento
ceifar-nos rente algum olhar de esquecimento
A morte ainda é uma forma eficaz de adormecer
e a virtude é o caminho para quem
não tem outro remédio nesta vida
Mulher como melhor morrer nascer cantar
Itália onde tombar como em qualquer lugar
chorar o mínimo cadáver que passar
e não desperdiçar os dedos pelas coisas
Fazer de um jardim quanta vida se quer
ser o maior dos responsáveis por
- eis algumas vantagens de propriedade horizontal

RUY BELO (1933 – 1978) Todos os Poemas

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