Que
de fruta! E que fresca e temporã,
Nas
duas boas quintas bem muradas,
Em
que sol, nos talhões e nas latadas,
Bate
de chapa, logo de manhã!
O
laranjal de folhas negrejantes
(Porque
os terrenos são resvaladiços)
Desce
em socalcos todos os maciços,
Como
uma escadaria de gigantes.
Das
courelas, que criam cereais,
De
que os donos – ainda! – pagam foros,
Dividem-no
fechados pitosporos,
Abrigos
de raízes verticais.
Ao
meio, a casaria branca assenta
À
beira da calçada, que divide
Os
escuros pomares de pevide,
Da
vinha, numa encosta soalhenta!
Entretanto,
não há maior prazer
Do
que, na placidez das duas horas,
Ouvir
e ver, entre o chiar das noras,
No
largo tanque as bicas a correr!
[…]
CESÁRIO VERDE (1855 – 1886) O Livro de Cesário Verde
(posfácio e fixação do texto de António Barahona)
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