Oh
esta tarde quente de Fevereiro!
O Suão inoportuno veio reavivar as nossas lembranças
de indigentes absurdos, a nossa jovem miséria.
O Suão inoportuno veio reavivar as nossas lembranças
de indigentes absurdos, a nossa jovem miséria.
Henrika trazia uma saia de algodão aos quadrados brancos e castanhos que deviam ser moda no século passado, um barrete engalanado e um lenço de seda. Era mais triste que um luto. Dávamos uma volta pelos arredores. O tempo estava coberto e este vento Suão libertava todos os maus cheiros dos jardins dizimados e dos campos seco
Isto cansava-me mais a mim do que à minha mulher. Numa poça de água cavada pelas inundações do mês precedente, num atalho bastante elevado, ela fez-me ver minúsculos peixes.
A cidade, com o seu fumo e o ruído das suas oficinas, seguia-nos de longe, todo o caminho. Oh o outro mundo, a casa abençoada pelo céu e pelas sombras! O Suão recordava-me os miseráveis incidentes da minha infância, os meus desesperos de estio, a horrível quantidade de força e de ciência que a sorte arredou sempre de mim. Não! Não passaremos o estio nesta terra avara onde seremos sempre noivos órfãos. Quero que este braço endurecido deixe de arrastar uma imagem querida.
JEAN ARTHUR RIMBAUD (1854 – 1891) Iluminação – uma Cerveja
no Inferno (tradução de Mário Cesariny)
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