segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A LABAREDA

A LABAREDA da estrela oculta a estrela, numa
rebentação de luz
a camisa oculta a camisa, e o sangue às riscas
gira e brilha no fundo da camisa contra a estrela:
que te abalam do direito adentro ao esquerdo:
o choque púrpura, o ascensional
néon ardendo
- ?e como é que isto é um segredo? -
a mão oculta-se na queimadura a cada faísca da folha
- ?mas como se escreve o sentido? -
o sangue que o escreve oculta o sangue e o escrito
- ?e então como se oculta e desoculta
isto: a estrela que te devora e de que tremes todo,
bêbado e nocturno?

[HERBERTO HELDER (1930)]
(Ofício Cantante)
(in Poemário Assírio & Alvim 2013)

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