sábado, 3 de janeiro de 2015

AINDA FRESCOS

AINDA FRESCOS sobre a húmida areia.
A fugitiva hora, reevoquei-a,
- Tão rediviva! nos meus olhos baços...

Olhos turvos de lágrymas contidas.
- Mesquinhos passos, porque doidejastes
Assim transviados, e depois tornastes
Ao ponto das primeiras despedidas?

Onde fostes sem tino, ao vento vário,
Em redor, como as aves num aviário,
Até que a asita fofa lhes faleça...

Toda essa extensa pista - para quê?
Se há-de vir apagar-vos a maré,
Com as do novo rasto que começa...

[CAMILO PESSANHA (1867 - 1926)]
(Clepsydra, Pôemas de Camilo Pessanha)
(posfácio e fixação do texto de António Barahona)
(in Poemário Assírio & Alvim, 2013)

Sem comentários:

Enviar um comentário