Se da boca de Ossian canto e gesta
Não ouvi, nem provei do vinho antigo,
Por que vejo um recanto de floresta
Sob a lua da Escócia em sangue vivo?
Súbito no silêncio me golpeiam
Gritos de harpa e corvo em seu chamar,
As vestes dos guerreiros me lampejam
Pelos olhos sob o sangrento luar.
Maravilhada herança me proveio
De longínquos cantores: errantes sonhos,
De próximos e parentes por direito
Desprezamos as vozes enfadonhas.
Mais de um tesouro, os netos evitando,
Quem sabe dos bisnetos vá tombar;
O bardo comporá o alheio canto
E como seu o irá proclamar.
[OSSIP MANDELSTAM (1891 - 1938)]
(Guarda Minha Fala para Sempre - tradução de Nina Guerra e de Filipe Guerra)
(in Poemário Assírio & Alvim 2013)
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