quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

SOU UMA CONTORCIONISTA

Sou uma contorcionista
o que pressupõe que o não sou
durmo bem numa mala
dobrada sobre mim
e mal numa cama
mesmo de marfim
nada é tão triste
como uma rima
Bernardim
triste como uma rima
só a senhora Arima
tão contorcionista
que era o nome próprio
que tinha contorcido
e não um pulso
ou um pé.

[ADÍLIA LOPES (1960)]
[Dobra (Poesia Reunida 1983-2007)]
(in Poemário Assírio & Alvim 2013)

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