quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CADERNO AZUL


I

Não é que não pense no fim do mês
até já pus o íman no contador
angustia-me tanta energia invisível
penso no fim do mês e da vida
e não sei o que me dói mais
os olhos abertos da minha filha
esperam saber como perguntar
o teu pai filha ainda espera respostas
ou como construir as perguntas certas
esvai-se a casa e eu com ela
preocupado com as respostas
com as sobras das perguntas
enredo as palavras e embalo-as.

CARLOS ALBERTO MACHADO (1954)
Registo Civil – poesia reunida 200-2006

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