quarta-feira, 3 de outubro de 2012

TODO O POEMA É POSTUMO


Todo o poema é póstumo.
Mesmo em nossa vida.

O tempo morre na palavra escrita
e a palavra morre no instante que prendeu
e registou.

Depois perguntamos: o que foi?
Como foi?
Por que foi?
Com quem foi?
Ou mesmo: quem o escreveu?
E nem memória há do que passou.

Morto e nado de um qualquer momento,
vivo apenas na ilusão de o re
ter
relendo.

LUÍSA FREIRE (1933)  / O Tempo de Perfil – obra poética 1980-2005

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