De boca aberta, o deus recém-nascido
imenso, calvo, embora com cabeça de criança,
gritou pela teta da mãe.
Os vulcões secos estalaram e cuspiram,
a areia esfolou o lábio sem leite.
Gritou então pelo sangue paterno
que agitou a vespa, o tubarão e o lobo
e veio engendrar o bico do ganso.
De olhos secos, o inveterado patriarca
Ergue seus homens de pele e osso;
farpas sobre a coroa de fio dourado,
espinhos nas hastes sangrentas da rosa.
SYLVIA PLATH (1932 – 1963) – Pela Água
(tradução de Maria de Lurdes Guimarães)
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