quinta-feira, 22 de novembro de 2012

FALAR POR MEIO DE PAUSAS

I

& da Torre cresceu, puro, pelo ar,
O sino da tarde até ao ouvido.
À volta o silêncio. Foi o avatar
De um novo começo,
Hoje uma funda metamorfose.
As pessoas emergem das malhas
De um solilóquio sem esperança
&, afinal, o seu alcançado silêncio não é
Fruto do medo ou do sacrificium intellectus,

II

Mas antes da alegria de falar
Por meio de pausas. & mesmo
Onde mal havia um nome para te chamar,
Uma língua para as harmonias do Oculto,
Para ela criaste o Templo no Ouvido,
Com um Pórtico cujas colunas tremem.

M. S. LOUIRENÇO (1936 – 2009) – O Caminho dos Pisões

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