segunda-feira, 25 de junho de 2012

O RESTO É SILÊNCIO (QUE RESTO?)

Volto, pois, a casa. Mas a casa,
a existência, não são apenas coisas que li?
E o que encontrarei
se não o que deixo: palavras?

Eu, isto é, palavras falando,
e falando me perdendo
entre estando e sendo.
Alguma vez, quando

havia começo
e não inércia,
quando era cedo
e não parecia,

as minhas palavras puderam estar
onde sempre estiveram:
no apavorado lugar
onde sou o silêncio.

MANUEL ANTÓNIO PINA (1943)
Nehuma Palavra e Nenhuma Lembrança

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