domingo, 3 de junho de 2012

1.

Devagar, registando como tão facilmente poderia
esquecê-lo, fugiu de quê? Não sabe, ou  não quer saber
responder? Favorecido pelo estrondo nocturno
das trovoadas e por uma língua que desconhece,
a sorrir manso, como se quisesse entender.

Foi a sua prática semanal e como se desembaraçou
da leitura! Outros se exilaram por razões
sérias e para cidades menos levianas, sem
preencher formulários e com dietas estreitas.
Renegou de vícios pequenos, supondo atingir a evidência

- uma configuração de alma sem acidentes,
uma vontade como terra de sequeiro e a memória
um filme mudo: poupando o álcool dos nervos,
que a procissão do tempo lhe fosse sendo escrita.

JOSÉ ALBERTO OLIVEIRA (1952)
Mais Tarde

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