A noite não quer vir
Para que tu não venhas
Nem eu possa ir
Mas eu irei
Ainda que um sol de lacraus me coma as fontes
Mas tu virás
Com a língua queimada
pela chuva de sal
O dia não quer vir
Para que tu não venhas
Nem eu possa ir
Mas eu irei
Entregando aos sapos o
meu cravo mordido
Mas tu virás
Pelas turvas cloacas da
obscuridade
Nem a noite nem o dia
querem vir
Para que por ti morra
E tu morras por mim.
FREDERICO
GARCIA LORCA (1898 – 1936)
Qual É a Minha ou a Tua Língua – Cem poemas
de amor de outras línguas
(organização
de Jorge Sousa Braga)
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