Ó quem me dera ter
outra vez vint’anos
navegar no ignoto sem
portulanos
o peito feito para os da vida enganos
era sensacional ó
hermanos
quem dera o brandy com
castelo
o dedo ao arrepio de
pêlo
o romanticismo do
desvelo
e tudo isto fingindo um
grande anelo
quem dera agora uma vez
mais
o rápido de Irún no
cais
a solicitude quente dos
pais
ai eu tirando de ouvido
muito ais
ó quem dera e outra vez
viera e dera
a ruminante paciência
que há na espera
o mistério lento da
Primavera
o emblema desenhado
pela namorada: uma hera.
FERNANDO ASSIS
PACHECO (1937 – 1995) – A Musa Irregular
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