domingo, 17 de junho de 2012

SE A CADA...

SE A CADA aparição perdes um pouco
do fluido astral que te percorre as veias,
e a carne te escurece quando tocas
a alma adormecida dos humanos;
se te tornas mortal quando acontece
um de nós acordar e não ter medo
de te dar a beber água terrestre,
prefiro que te guardes nesse espaço
onde a noite penetra levemente
pelas fendas das árvores abertas,
e me abandones como quem se esquece
de um livro velho no esplendor da praia.
Um dia hei-de surgir, num sonho teu,
e perder eu a vida para ver-te.

ANTÓNIO FRANCO ALEXANDRE (1944) – Duende

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