segunda-feira, 4 de junho de 2012

CANTO XVII

Assim as vinhas se despencam de meus dedos
E as abelhas pesadas de pólen
Deslocam-se lentas pelos rebentos do vinhal:
chirr – chirr – chir-rikk – um som felino,
E os pássaros sonolentos nos galhos.
                ZAGREUS! IO ZAGREUS!
Com o claro-pálido nascente do céu
E as cidades engastadas nas colinas,
E a deusa dos belos joelhos
Movendo-se lá, com o bosque de carvalhos ao fundo,
A verde escarpa, com os sabujos brancos
                               Saltando junto dela;
E dali abaixo à boca da enseada, até à noite,
Água plana em minha frente
                E as árvores crescendo  n’água
Troncos de mármore gerados na quietude,
No passado os palazzi,
                                       na quietude,
A luz agora, não do sol,
                                      Chrysophorme,
E a água verde-claro e azul-claro;
Acima, para os grandes penhascos de âmbar.

EZRA POUND (1885 – 1972) - Os cantos
(tradução e introdução de José Lino Grunewald)

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