BIC CRISTAL preta
doendo nas falangetas,
papel sobre a mesa,
a luz que vibra por
cima, por baixo
a cadeira eléctrica que
vibra,
e é isto:
electrocutado, luz
sacudida no cabelo,
a beleza do corpo no
centro da beleza do mundo:
pontos de outro nas
frutas,
frutas na luz
escarpada,
clarões florais atrás
de paredões de água,
água guardada no meio
das fornalhas
- isto que, sentado eu
na minha cadeira eléctrica,
entra a corrente por
mim adentro e abala-me,
e com perícia artífice
deixa no papel
o nexo estilístico
entre
o terso, vívido,
caótico e doce:
e o escrito, o
carbonífero, o extinto,
o corpo
HERBERTO
HELDER (1930)
Ofício Cantante
Sem comentários:
Enviar um comentário