À memória de
Ângel Crespo
Que são os sonhos?
Os
sonhos são produções vulcânicas da memória, anunciações, a inquietação
silenciosa dos mortos?
O paraíso e o inferno que os homens
podem entrever como coisa sua, ínvia?
Ou serão o território dos trinta e
três deuses védicos, deles e de todos os outros depois desaparecidos?
Sonhando, os loucos deixam de
atormentar-se, e para os alucinados a vida será menos labiríntica, menos
persecutória, será mais benévola, mais justa?
As transfigurações, os presságios, as
deambulações sinuosas dos sonhos terão algo a ver com o trabalho poético?
E a poesia, doçura enigmática e
interrogante, em busca do perene, do impossível, não se resume a uma espécie
última, uma espécie incandescente de sonho?
ANTÓNIO
OSÓRIO (1933) – A Luz Fraterna
Sem comentários:
Enviar um comentário