quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

OS SONHOS

À memória de Ângel Crespo

Que são os sonhos?

Os sonhos são produções vulcânicas da memória, anunciações, a inquietação silenciosa dos mortos?

O paraíso e o inferno que os homens podem entrever como coisa sua, ínvia?

Ou serão o território dos trinta e três deuses védicos, deles e de todos os outros depois desaparecidos?

Sonhando, os loucos deixam de atormentar-se, e para os alucinados a vida será menos labiríntica, menos persecutória, será mais benévola, mais justa?

As transfigurações, os presságios, as deambulações sinuosas dos sonhos terão algo a ver com o trabalho poético?

E a poesia, doçura enigmática e interrogante, em busca do perene, do impossível, não se resume a uma espécie última, uma espécie incandescente de sonho?

ANTÓNIO OSÓRIO (1933) – A Luz Fraterna

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