podíamos ferir, com leviana mão,
de morte os rios e os trigais:
havia de reserva muitos mais.
Hoje porém a Terra é uma só
e o fumo intenso.
Obstruídos os tímidos canais
por onde escoamos a nossa impaciência.
O rio uma náusea de peixe apodrecido.
Os vegetais recuam. A di-
solução? Ai, o desamor
tão pesado e compulsivo,
o húmido culto dos despojos
da (outrora longa) Terra que restar.
A.M.
PIRES CABRAL (1941) – Antes que o Rio
Seque
Sem comentários:
Enviar um comentário