segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

QUE DOS FRAGMENTOS ARCAICOS

Que dos fragmentos arcaicos nos chegam apenas pedaços de ouro
maduro que pulsam no escuro,
e é esse o seu único sentido:
de que não há mais nada:
fogos catódicos, olhos
sem pálpebras,
permanentes,
que nos fixam como se morrêssemos
pela sua beleza
desunida, autónoma, inconclusiva,
imortal,
mortífera.

HERBERTO HELDER (1930) – Ofício Cantante

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