segunda-feira, 7 de maio de 2012

NO FLORESCER o ouro Doura a aura ao seu redor

Agora, indiferente na toca, sarça meio sobrearqueada,
Um olho para o mar, através da fresta,
Luz cinza com Atena.
Zotar e seus elefantes, o dourado tecido no lombo,
O sinistro, sacudido,
    a sua legião de dançarinas.
E Aleta, pela curva da encosta,
com os olhos voltados para o mar,
    e algas nas mãos,
Brilho salino com a escuma.
Koré pela campina luzente
    com poeira verde-cinza no relvado;
<<Pelo momento, irmão de Circe.>>
Braço debruçado em meu ombro,
Viu o sol três dias, o fulvo sol,
Como um leão erguido sobre areia lisa;
                                                                              e naquele dia,
E por mais três e nenhum depois,
Esplendor, como o esplendor de Hermes,
E então saiu ao mar
                                      para o lugar de pedra,
Branco pálido sobre água,
                                               água conhecida,
E a branca floresta de mármore, vergada ramo a ramo,
A fome encurvada pela pedra,
Para lá foi Borso, quando lhe desfecharam a flecha farpada,
E Carmagnola, entre as duas colunas,
Sigismundo, depois do naufrágio na Dalmácia.
    Crepúsculo como o voo do gafanhoto.

EZRA POUND (1885 – 1972) – Os Cantos
(tradução e introdução de José Lino Grunewald)

Sem comentários:

Enviar um comentário