Falemos de pureza
Como quem fala de
casas, íntimos habitáculos
Que o nosso ser
constrói duma pedra branca
Para outra ainda mais
branca, mais lívida, mais louvada
Nos altares da
arquitectura divina.
E duma pedra justa
Ajustada ao saber que
nasce do pensar
Toda a matéria em
beleza.
Expor a pureza na dor,
na flor enlouquecida
Pela renúncia.
Sentada ao pé de nós
Toda envolta na noite,
a pureza destrança
Os seus cabelos
sombrios,
Entretendo os soldados
mais despertos
Da minha guerra aberta.
Deitada junto a nós
Desvelada no dia,
retira uma por uma
As extremosas mãos que
lhe afagam os seios
E desarma o olhar na
vasta, sepulcral,
Soturna sede do meu
sexo.
ARMANDO SILVA
CARVALHO (1938)
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