EM
ATROZ mágoa choro todo o dia;
quando ela cresce mais,
cresce meu pranto;
a mágoa não, porque
chegou a quanto
cruel fortuna ou fado
injusto envia.
A noite chega e penso que encobria
meu mal o dia ou que
jamais foi tanto;
dobro o chorar e caio,
entretanto,
sem o vigor que em pé
me conduzia.
Ali meus olhos lacrimosos cobre
amargo sono e, bem que
o pranto cessa,
a mágoa faz crescer
sonho tão triste.
Corto-o e ele volta; nisto o sol descobre
seu rosto e banho o meu
aqui na espessa
chuva com que, cruel
Fílis, me aspergiste.
FRANCISCO DE
FIGUEROA (1536? – 1617?)
in Antologia da Poesia Espanhola das Origens
ao Século XIX
(selecção,
organização, tradução, posfácio e notas de José Bento)
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