CRIATURAS QUE se reproduziam em
interstícios
que se deitavam em divãs
cada vez mais estreitos
a luminosa vocação, a
luminosidade
de uma terra sábia e rotunda
suplantava aqueles gritos
portadores
de uma defunta órfica voz
Eram as criaturas presas
do seu século
retraídas nos olhos mal
afeiçoados
Filhos mais velhos a atentarem
em como o corpo incha e se
perfaz a polpa
como o limite se delimita corpo
a corpo
e engorda
Cobriam-se as folhas de uma
letra hirsuta
e os mais novos sorriam como
lábios.
LUIZA NETO
JORGE (1939 – 1989) - Poesia
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