Falo deste quarto
excessivo o teu rosto iluminado
por dentro do espelho, o sofá de plástico recostado na memória, a cadeira
partida, um anel esquecido entre as poeiras do amor. E também o armário onde
dormem, ainda, as roupas, as viagens, as cartas e todos os sapatos de todos os percursos
acumulados no tapete, o candeeiro do tecto sobrevoando a terra despida dos
nossos corpos. E, depois, a cama de casal, por assim dizer, ineficaz, a cama
estreita de prazer e, entre as duas, o esqueleto do mar, O copo vazio.
Falo, portanto, do silêncio deste quarto.
MANUELA PARREIRA DA SILVA
(1950) – O Álbum de Vishnu
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