Quem quer que ame, se não
determina
O correcto e verdadeiro
objectivo do amor,
É dos que vai ao mar
para ficar enjoado.
O Amor nasce como a
cria do urso: se lambemos demais
O nosso amor, e a novas
e estranhas formas o forçamos,
Erramos, e de uma massa
informe um monstro fazemos.
Não seria um monstro um
vitelo que crescesse
Com cara de homem,
embora melhor do que a sua?
A perfeição reside na
unidade: prefere
Primeiro uma mulher, e
depois uma só coisa nela.
Eu, quando avalio o
ouro, posso pensar
Na ductilidade, na
aplicação,
A salubridade, o
engenho,
Da ferrugem, da
sujidade, do fogo sempre livre;
Mas se o amar, é porque
se tornou,
Pela nossa nova
natureza (o Uso), a alma do negócio.
Tudo
aquilo nas mulheres podemos considerar
(se as mulheres o
tivessem) e porém amar apenas uma.
Podem os homens mais
ofender as mulheres dizendo
Que as amam por aquilo
em que elas não são elas?
Faz a virtude das
mulheres? Devo eu esfriar o meu sangue
Até que tanto seja,
quanto encontre uma sábia e boa?
[…]
JOHN DONNE
(1572 – 1631) – Elegias Amorosas
(tradução de Helena Barbas)
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