segunda-feira, 14 de maio de 2012

NÃO PEÇO

NÃO PEÇO que o espaço à minha volta se engrandeça
peço
que a força do sangue na garganta
não a cerre toda: e eu sopre uma canção
biorrítmica
onde se encontre o ar – curta canção
gutural, obscura, rouca:
o sangue coalha numa posta
púrpura, sufoca o movimento da música,
mas peço
que escassa estria ainda se ouça.

HERBERTO HELDER (1930) – Ofício Cantante

Sem comentários:

Enviar um comentário