NÃO TROUXE palavra
alguma
rima qualquer, mosca
morta.
Um vento rompeu as
longas toalhas,
estilhaços de roupa
pelo chão.
Vim de mala fria,
passar a noite e o dia
de amanhã, se ainda
caibo.
não tem graça nenhuma
esta figura
levantada, que me
deram.
Dói-me a formiga da
manhã, e o grito
da seiva metálica ao
cair da noite.
Vou surdomudo,
finalmente,
no poema sem gente.
Um dia verás que tenho
olhos, boca,
quilos de carne quente.
ANTÓNIO FRANCO
ALEXANDRE (1944) - Poemas
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