Bill disse:
<<Houve um tempo em que precisei
de palavras, das minhas
e das dos outros.
Porque eu era cego,
surdo e mudo,
e as palavras eram o
meu bordão, os meus ouvidos e a minha
voz.
Hoje sou ainda cego,
surdo e mudo,
mas não preciso de
palavras
porque todos os
caminhos por onde vou
partem de mim e por
eles regresso,
e porque aquilo que
ouço e me ouve
habita em mim (eu, o
número mais pequeno),
e porque as palavras
são um longo caminho para chegar onde
estou>>
O Mestre não respondeu
(Rinzai Ma-tsou ter-lhe-ia dado
Com um pau) pois,
ao contrário de Bill,
não tinha para dizer nada
que pudesse ser dito
com palavras ou sem palavras.
MANUEL ANTÓNIO
PINA (1943) – os Livros
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