Detém-te, sombra do meu bem esquivo,
imagem do feitiço a que
mais quero,
ilusão por que na morte
me lacero,
doce ficção por que
penosa vivo.
Se ao íman de tuas graças, atractivo,
obedece o meu peito,
aço fagueiro,
- para que me enamoras,
lisonjeiro,
Se hás-de enganar-me
logo fugitivo?
Mas gabar-te não podes, satisfeito,
de que triunfas de mim
por tirania:
que, deixando enganado
o laço estreito
que a quimérica forma te cingia,
pouco importava enganar
braços e peito
se te é prisão a minha
fantasia.
SÓROR JUANA
INÉS DE LA CRUZ (1651 – 1695)
Antologia da Poesia Espanhola do Siglo de
oro – Barroco
(tradução de
José Bento)
Sem comentários:
Enviar um comentário