O verão deu-nos uma
volta aos olhos.
Voltou-se ao mais
princípio dos princípios
a Ilo um ovo perdido
num campo de pérolas
chamou-se por uma
mulher (Ila, irmã, ovário)
para recuperar o sexo
mas o que nos apareceu
foi a clareira como viramos
num filme e na
televisão a luz feita
espaço de calor aquela
incandescência aberta
no juízo
que nos falava de um
ser inexistente
de um ex-ser duplo
povoador de momentos
agudos
de afiadas linhas da
mão,
brancas gotas de amante
à despedida
heróica incandescência
metida
em supositório
pela artéria aorta.
LUIZA NETO
JORGE (1939 – 1989) – Poesia
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