Veio um barco,
Um homem sustendo sua
vela,
Conduzindo-o com remo
preso às falcas, dizendo:
<<Lá, na floresta
de mármore,
as árvores de pedra – emersas d’água –
as frondes de pedra –
lâmina de mármore, sobre lâmina,
prata, aço sobre aço,
bicos de prata erguendo-se e cruzando-se,
proa ajustada contra proa,
pedra,
camada sobre camada,
reflete o ouro a flama de uma noite>>
Borso, Carmagnola, os
artífices, i vitrei,
Para lá, certo tempo,
tempo após tempo,
E as águas mais ricas
do que o vidro,
Ouro bronzeado, brasa
sobre prata,
Potes de tinta à luz do
archote,
O clarão de vagas sob
proas,
E os bicos de prata
erguendo-se e cruzando-se.
Árvores de pedra, alvo e rosalvo na treva,
Ciprestes pelas torres
Amontoados sob cascos, À noite.
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EZRA POUND
(1885 – 1972) – Os Cantos
(tradução e
introdução de José Lino Grunewald)
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