PARECE que me rio desta
fortuna
Em que o rio se acende
e sobe às pontes
E não sabe deter a luz
da água.
Mas de noite choveu e
os riscos de veludo
Na colcha deste céu
fizeram-me chorar
A gatinhar na alma.
Só eu ia no carro e a criança
do amor
Transitava nos corpos
E a nenhum dava calma.
O som era um coro de
pedras a bramir
Baixios a que a minha
condução
Me condenava.
Num porto secular
leixava-me, ir
E os músculos soberbos
inchados pela tristeza
Erguiam no ar
monumental beleza.
ARMANDO SILVA
CARVALHO (1938) - Sol a Sol
Sem comentários:
Enviar um comentário